O setor do agronegócio é um dos mais relevantes do Brasil, e o faturamento de agroindústrias é importante para toda a cadeia produtora.
O faturamento de agroindústrias depende de inúmeros fatores e processos, que influenciam direta e indiretamente no setor de laticínios.
Importância do setor de laticínios
O segmento de produtores de leite e derivados é extremamente importante por diversos motivos.
Além disso, a geração de empregos diretos e indiretos, que contribui para a economia do país e o incremento do PIB. A agroindústria de laticínios é o segundo segmento mais importante da indústria de alimentos no Brasil, atrás apenas do setor de derivados da carne.
O uso de derivados do leite, como queijos, iogurtes, manteiga, entre outros, é extenso, tanto em residências quanto no comércio. O alimento é base de diversas refeições de muitas famílias brasileiras, os derivados do leite têm importância fundamental no setor alimentício. Cerca de 60% dos pratos servidos em restaurantes por todo o país, por exemplo, possuem queijo em sua composição.
O leite e o queijo podem também agregar valor para outros tipos de comércios e experiências, como o setor do turismo. O turismo rural, por exemplo, é um setor que se beneficia da produção e da venda de derivados, aumentando o faturamento de agroindústrias.
E o consumo de leite e derivados reflete não apenas na comercialização, bem como na produção e captação de leite.
Cenário de faturamento de agroindústrias
Assim como diversos outros setores da economia, a agroindústria também sofre influência externa em seus balanços.
Cada cenário possui uma determinada característica, e a análise e a previsão de cada um deles pode ajudar na tomada de decisão dos integrantes do setor.
Para a compreensão dos possíveis cenários do faturamento de agroindústrias é preciso levar em consideração diversos fatores.
Entre eles:
- Cenário macroeconômico;
- Investimentos no setor;
- Desempenho de processos logísticos, de distribuição e de toda a cadeia;
- Fatores climáticos.
Esses são alguns dos elementos dos quais depende o setor do agronegócio, e o faturamento de agroindústrias de laticínios também sofre influência dessas causas.
E isso pode ser visto, por exemplo, na greve dos caminhoneiros, em 2018, e durante a pandemia de Coronavírus.
O setor lácteo sofreu um prejuízo de R$ 1 bilhão no episódio da greve dos caminhoneiros. O rombo se deu, principalmente, pela interrupção da coleta de leite durante uma semana, que levou ao descarte de mais de 300 milhões de litros nas fazendas.
Já durante a pandemia mundial de Coronavírus, iniciada no Brasil em março de 2020, foram severos os impactos sobre o consumo de lácteos refrigerados.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea), logo nas primeiras semanas da quarentena houve uma interrupção de captação de leite no campo.
Isso se deveu, segundo o CEPEA, ao fechamento dos serviços de alimentação, e gerou uma queda de 4,35% em fevereiro, e de 7,9% no primeiro trimestre de 2020.
Projeções para o futuro
Nas últimas décadas, o setor de laticínios teve um crescimento significativo na sua produção.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2002 a 2012 a produção brasileira de leite cresceu em média 4,2% ao ano.
Considerando o período:
- Sul – 88,4%;
- Nordeste – 48,2%;
- Centro Oeste – 39,2%;
- Sudeste – 32,5%;
- Norte – 5,8%.
A Pesquisa Industrial Anual (PIA) do IBGE, divulgado em 2019, aponta que o leite longa vida é um dos produtos industrializados mais comercializados no país.
Segundo o estudo, em 2016, o leite foi o 27º produto industrializado mais vendido no Brasil. Entre 2005 e 2016, o valor de vendas de leite UHT cresceu 138%, e o de queijos 509%.
Com crescimento de 24% no período analisado, o leite pasteurizado ainda lidera em volume de vendas, e alcançou as 4,8 milhões de toneladas vendidas em 2016.
No período de 2005 a 2016, os queijos tiveram um crescimento de 124% no volume total de vendas. São 785 mil toneladas vendidas só no ano de 2016.
Os números das duas últimas décadas mostram que o faturamento de agroindústrias, especialmente no setor de laticínios, tem sido expressivo.
De acordo com o estudo “Mudanças no perfil do produtor de leite no Brasil: possíveis cenários futuros”, são diversas as possibilidades para o setor.
A pesquisa foi desenvolvida por Paulo do Carmo Martins, que é doutor em Economia Aplicada e pesquisador da Embrapa Gado de Leite.
Para ele, os possíveis cenários são denominados como:
- Crescimento continuado e heterogêneo
- Leite é a nova estrela do agronegócio
- Futuro desperdiçado
- Agricultura familiar competitiva
O primeiro trata-se de um crescimento na produção de leite e derivados de 3,4% ao ano, o que representa 40 bilhões de litros.
Já o segundo apresenta um quadro extremamente favorável para a produção de leite no país, e vê o faturamento de agroindústrias disparar.
No cenário Leite é a nova estrela do agronegócio, a produção cresce 5% ao ano, o que significa 50 bilhões de litros de leite, além de uma exportação de 20% (10 bilhões de litros).
O terceiro cenário seria, segundo o pesquisador, o mais desfavorável para a agroindústria, prevendo um crescimento baixo da renda per capita.
Isso refletiria também no consumo de leite e derivados, com aumento de apenas 0,75% ao ano, a partir da terceira década dos anos 2000.
No quarto e último cenário, Martins aponta a possibilidade do fortalecimento da agricultura familiar e das cooperativas.
Neste caso, a produção é ampliada em 5% ao ano, produzindo 50 bilhões de litros, impactando positivamente no consumo per capita, que atingiria os 190 litros.
Sendo assim, em se confirmando este cenário, ocorreria uma homogeneidade maior no sistema de produção.
Entretanto, as previsões para o futuro desse segmento são as mais diversas, especialmente quando levadas em consideração algumas particularidades.
O consumo de leite e derivados varia de acordo com alguns aspectos, como fatores geracionais, marketing e tendências alimentares.
Fatores geracionais
O estudo das gerações é importante para o desenvolvimento de campanhas de marketing e outras ações que podem levar ao aumento ou à diminuição do consumo de laticínios.
O estudo do IBGE aponta que o leite é entendido como alimento essencial da alimentação de crianças e idosos.
Entretanto, outros indivíduos, que pertencem à população economicamente ativa, precisam ser considerados por produtores e comerciantes.
Os nascidos entre a década de 1980 e meados de 1990, são parte dessa população, e têm gostos e necessidades particulares.
Entre as principais características dessa geração estão a não valorização de marcas, o fato de serem altamente questionadores e preocupados com o meio ambiente.
Essas características fazem com que a Geração Y (ou Millennials) revolucionem o mercado de alimentação e, consequentemente, o de laticínios também.
Marketing
A preocupação da agroindústria deve ser também a de alcançar o público com informação e campanhas publicitárias.
As indústrias e os produtores devem focar na acreditação e na obtenção de selos de qualidade, no código de conduta e no fortalecimento do marketing institucional.
Tendências alimentares
O faturamento de agroindústrias passa também pelo crivo das tendências alimentares que também influenciam o consumo.
A tendência no consumo de alimentos, especialmente os industrializados vem sofrendo alterações nos últimos anos.
Isso se deve também ao fato de as novas gerações buscarem mais informações, inclusive para se alimentarem.
A intenção é sempre saber o que está por trás de cada produto que consomem.
Mais uma vez o marketing entra em campo, e a agroindústria deve se atentar para uma comunicação eficiente e direta com o público.
A rotulagem dos alimentos de forma simplificada e clara é um ótimo exemplo de como as empresas e os produtores podem se comunicar com os consumidores.
Saiba mais sobre o tema
O faturamento de agroindústrias é um tema relevante, tanto para o setor, quanto para os consumidores e para a sociedade.
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Referências:
https://www.otempo.com.br/economia/tirolez-investe-r-20-milhoes-em-expansao-de-laticinio-1.2267041
http://www.sistemafaesc.com.br/Noticias/Detalhe/15211
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/199791/1/CT-120-MercadoConsumidorKennya.pdf