A produção leiteira no Brasil tem uma longa história desde a sua implementação. A modernização da pecuária e a padronização da produção de leite têm ajudado a que o mercado leiteiro se torne mais competitivo tanto a nível nacional como internacional. Porém ainda existem vários desafios para enfrentar no dia a dia do campo, principalmente quando se trata de prevenir os riscos envolvidos na produção leiteira.
Neste artigo, explicaremos quais são esses riscos e como você pode evitá-los para garantir um leite de qualidade. Confira!
Modernização da produção leiteira no Brasil
A pecuária no Brasil teve início em 1532 com a chegada de Martin Afonso de Souza a São Vicente, onde desembarcou com 32 cabeças de gado ibérico. Porém, a primeira documentação de uma vaca ordenhada no país foi só em 1641, no Recife. Esse é o marco de uma das atividades mais representativas da economia brasileira atual, a produção leiteira.
É claro que nessa época não havia nenhum profissionalismo na ordenha do leite. Em sua grande maioria, os produtores rurais produziam para consumo próprio, não para comercialização. O cenário foi mudando ao longo dos anos até que em 1950 o governo federal finalmente instituiu exigências de inspeção sanitária em produtos de origem animal produzidos no país, e o leite foi incluído.
As exigências estabelecidas na data foram a pasteurização e as qualificações do leite em tipos A, B e C, em uma escala de padrões sanitários. Essa foi a primeira iniciativa para que a produção leiteira passasse a ser regularizada.
Ainda assim, o leite sempre foi um produto pressionado pelos preços de safra e entressafra, até que em 1990 o tabelamento do preço foi retirado. Com isso, a indústria nacional passou a ser ameaçada pelas importações federais, e também com a entrada de multinacionais ao país. Isso teve efeito direto na produção de leite brasileira, forçando os produtores a melhorar o seu grau de competitividade para não perder lugar no mercado.
Além disso, o crescimento expressivo da procura por leite longa vida permitiu a produção de leite no campo para ser vendido a diferentes regiões do país, trazendo mais oportunidades para quem apostava nessa atividade. O século 21 é considerado o momento em que o leite nacional viveu seu verdadeiro boom, chegando a igualar-se em condições e preços com o leite que até então era, em sua grande maioria, importado no país.
Hoje, existem programas de melhoramento genético que garantem uma produtividade sustentável e de qualidade, liderada por raças zebuínas combinadas com outras raças especializadas. Isso garante um produto melhor, mais volume de produção e a diminuição de riscos na pecuária leiteira. Porém, ainda que o mercado já tenha evoluído bastante com tecnologia e assistência técnica especializada, existem vários desafios para enfrentar no dia a dia da produção leiteira.
Como diminuir os riscos na produção leiteira?
Dentro do cenário internacional, o Brasil é um país que ainda possui muita capacidade para aumentar a produção leiteira e sua participação no mercado. Para isso, é necessário melhorar os processos produtivos, diminuir os riscos e aumentar a qualidade do leite produzido no país.
Entre os principais riscos da produção leiteira está a contaminação microbiana, química e física do leite. A exposição a intempéries, agrotóxicos, animais peçonhentos, o desgaste físico e das máquinas e implementos também são realidades nas propriedades rurais. Para evitar esse problema, é fundamental ter um processo de ordenha organizado, realizado por ordenhadores capacitados e treinados, que sigam um passo a passo simples mas muito eficaz na manutenção da qualidade do leite.
As medidas de manejo adequadas envolvem a obtenção do leite com rapidez, eficiência e sem riscos para a saúde da vaca. As principais fontes de contaminação do leite incluem a falta de higiene na sala de ordenha e dos próprios ordenhadores, que não usam equipamentos de produção, não lavam bem as mãos antes de lidar diretamente com os animais, e não selecionam as vacas de acordo com a saúde do úbere. Para garantir a segurança e evitar contaminação pelo ser humano no leite, recomenda-se:
- Dar muita importância à higiene pessoal. Lavar bem as mãos antes do manejo do úbere do animal é fundamental.
- Usar o equipamento de proteção e segurança necessário. Os uniformes devem ser compostos por gorro, macacão ou jaleco e calça (brancos para ordenha, azul para os demais), botas de PVC antiderrapantes (brancos para a ordenha, pretas para os demais), luvas de PVC impermeáveis, protetores auditivos e protetor solar.
- Ao manipular produtos químicos, é preciso usar avental impermeável, luvas nitrílicas ¾, óculos de ampla visão transparentes e máscara respiradora.
- Toda a área de produção leiteira deve estar sinalizada para apontar os riscos associados à atividade. Também é importante contar com chuveiros de emergência e esguicho para os olhos, em caso de exposição a agentes químicos.
- Seja na ordenha manual ou mecânica, é fundamental contar com ordenhadores capacitados para o correto manejo dos animais e das ordenhadeiras. Estes devem limpar todos os equipamentos que serão usados na ordenha antes de começar o processo.
Já as medidas de segurança que devem ser tomadas em relação aos animais na produção leiteira incluem:
- Fazer um acompanhamento periódico dos animais, desde a manutenção correta do espaço onde eles convivem até a saúde de cada vaca.
- Na hora da ordenha, é importante separar as vacas de acordo com a saúde da glândula mamária. É normal que no rebanho existam vacas de úberes saudáveis, outras de quartos infectados ou condições desconhecidas. Portanto, os animais podem ser divididos em três grupos: primeiro ordenhar as vacas sadias, com contagem de células somáticas baixa ou que apresentem resultado negativo na caneca de fundo preto ou no CMT (Califórnia Mastite Teste). Depois, ordenhar as vacas que tiveram algum problema no úbere e já foram tratadas. Em terceiro, as vacas com mastite clínica (grumos no leite) ou em tratamento devem ter o leite descartado, sem misturar ao restante.
- Antes de realizar a ordenha é necessário limpar, desinfetar e secar os tetos da vaca para evitar a contaminação do leite.
Ou seja, a falta de higiene, o uso incorreto dos equipamentos e a falta de conhecimento dos animais são as principais causas da baixa qualidade do leite e do pouco volume de produção. Como consequência estão o aumento dos custos com pouco rendimento de produto, coisa que pode ser solucionada com capacitações frequentes da equipe, bom manejo da lactação, excelente manejo de equipamentos e normas corretas de limpeza.
Conclusão
Ao tomar todas as ações necessárias para diminuir os riscos na produção leiteira, será possível aumentar a qualidade e até mesmo o volume de leite produzido em uma só propriedade. Ou seja, a simples evolução dos processos de produção em todas as regiões do Brasil já tem um grande impacto para melhorar a competitividade do leite nacional não só no mercado interno, mas também como produto de exportação. Além disso, quanto maior o volume produzido, maior o lucro na produção sem grandes investimentos.
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